19 de jun. de 2011

Ser feliz é o melhor remédio

Pode acreditar: felicidade é a receita mais indicada pelos médicos para você viver melhor. Isso quer dizer que a tristeza, a raiva, o nervosismo, a ansiedade e o ressentimento fazem, sim, mal à sua saúde. Aprenda como lidar com essas emoções

De 1 a 10, qual nota você daria para a sua vida hoje? Como é o clima no seu trabalho? Amigável? Competitivo? Tenso demais? O chefe valoriza seus acertos? O namoro ou o casamento vai bem? Você consegue fazer a sua opinião valer nesse relacionamento? E a ansiedade anda atrapalhando os seus projetos? Enfim, você está feliz? Não se surpreenda se ouvir todo esse inquérito do dermatologista ao tratar uma alergia de pele, do otorrino naquela consulta para acabar com as crises de asma, do ginecologista que quer dar um fim à candidíase de repetição ou ainda do clínico geral em busca de uma pista para a dor de cabeça que nunca passa. É cada vez maior a preocupação de médicos de várias especialidades com as nossas emoções. A explicação está na relação direta entre mente e corpo, antes levada em consideração apenas por psicólogos e especialistas com uma formação holística, mas, agora, estudada também pela ciência. "Está provado que alguns padrões de comportamento como o stress e a ansiedade prejudicam o organismo. Assim como atitudes mais positivas promovem saúde", enfatiza Francisco Lotufo Neto, professor associado do departamento de psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Um bom exemplo é uma pesquisa da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, que constatou que pessoas felizes, satisfeitas e tranqüilas apresentaram três vezes menos possibilidade de contrair resfriados. Mas não é só isso: as emoções afetam diretamente o sistema nervoso autônomo, alterando os níveis de alguns hormônios. Os que estão associados à tensão, como o cortisol e a adrenalina, podem, quando em excesso, debilitar o sistema imunológico e acelerar os batimentos cardíacos, abrindo portas para doenças mais graves, como o câncer e o enfarte. Já outras substâncias, como a serotonina e a ocitocina, estimuladas pela sensação de bem-estar, fortalecem as defesas do corpo, deixando-o superprotegido.


a soma dos sentimentos

Pare um pouco e analise como alguns sentimentos causam reações imediatas no nosso corpo: quando estamos preocupadas, transpiramos mais; se sentimos vergonha, as bochechas ficam vermelhas; logo que o medo bate, dá dor de barriga ou a mão treme. "Essas e outras situações comprovam que não é possível separar o mundo físico do psicológico", ressalta Cecília Grandke, professora de psicossomática da Universidade Santo Amaro, em São Paulo. Além de não considerar esse tipo de segmentação da saúde, a medicina psicossomática acredita também que quando vivemos alguma situação de stress, principalmente se ela causar um impacto muito grande ou se acontecer repetidamente ou com freqüência, podemos transferir o efeito da raiva, do pânico, da tristeza, do rancor ou da mágoa que deveria ser trabalhado na mente para o corpo. "Cabe ao organismo dar um direcionamento para a energia gerada por determinada emoção e que ficou parasalisada por não ter sido compreendida e trabalhada pelo psiquismo", explica Bel Cesar, psicóloga e autora de O Livro das Emoções (Editora Gaia). Aí, o sapo que você engoliu naquela discussão com a colega de trabalho pode se transformar em dor de garganta, o temor diário de que alguma coisa ruim aconteça com sua família vira enxaqueca e o sofrimento da decisão se casa ou rompe de vez com o namorado de dez anos acaba em gastrite ou afeta qualquer outra área do corpo que seja o seu calcanhar-de-aquiles. "Lembre-se de que os sintomas funcionam como sinais de alerta para avisar que algo está errado e que você deve voltar sua atenção ao problema - mesmo que seja no plano psicológico. Não adianta tomar uma aspirina se não resolver a origem do sofrimento", adverte Maria Stela de Simone, diretora científica da Associação Brasileira de Ayurveda, no Rio de Janeiro.


não é só alegria

Você deve estar pensando: "Ah, até aí eu entendi tudo, mas cadê o botão para desligar a ansiedade que aparece sempre que tenho de encarar uma situação nova? Como faço para bloquear as encucações que pipocam na minha cabeça sem serem convidadas? E a pressão do trabalho, o que eu faço com ela já que preciso me sustentar e pedir demissão está fora de cogitação?" Esse é exatamente o xis da questão! Ser feliz não é riscar os problemas da sua vida, mesmo porque, convenhamos, isso é humanamente impossível. Por mais prudente que você seja, pode não conseguir evitar um acidente, por exemplo. Por mais alegria que a decisão de morar fora do país traga a você, vai haver, sim, muita preocupação. Ser feliz não exclui as dificuldades, os problemas, os medos, as aflições. Somos nós que devemos entender que determinadas dificuldades fazem parte da vida e aprender a encarar de uma maneira melhor os imprevistos a ponto de que esses eventos não prejudiquem a nossa saúde. "Felicidade e infelicidade sempre andam juntas. Se aprendemos a escutar nossa tristeza, ela pode nos informar o que estamos precisando fazer por nós mesmas para sermos mais felizes. Está triste? Avalie o porquê desse sentimento, não o rejeite. Pelo contrário, tente compreendê-lo e, depois, pergunte a si mesma: 'O que posso fazer para sair dessa situação?"', sugere Bel Cesar. "Aos poucos, você consegue perceber quais as situações que mexem com as suas emoções e como mudar o seu comportamento diante delas para que não interfiram mais no seu bem-estar", acrescenta Maria Rosa Spinelli, presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática. Fácil, não é. Quem dera se existisse milagre, fórmula mágica ou receita pré-formatada de auto-ajuda. A solução passa inevitavelmente pelo auto-conhecimento e por muito, mas muito treino mesmo. Nesse caso, algumas técnicas como o relaxamento, a meditação, a ioga e a psicoterapia podem ajudar. Mas pensar no assunto e ver como seu corpo reage a cada emoção já é um bom começo. Pela sua saúde, vale a pena colocar esse exercício em prática.

Felicidade não é riscar os problemas da vida. Ao prestar atenção na tristeza, ela pode informar o que precisamos fazer por nós mesmas para sermos mais felizes.

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