Para eles, o amor é um filme de ação. E o final feliz depende de algumas iniciativas que cada casal deve tomar no dia a dia. Confira a lista masculina do que faz o relacionamento dar certo
Há um novo modo masculino de pensar a vida a dois que pode surpreender as mulheres. Foi o que aconteceu comigo quando comecei a fazer esta reportagem: confesso que não esperava que os homens demonstrassem tanta disposição para discutir a relação. Mas, a cada conversa com um entrevistado, os depoimentos se aprofundavam, trazendo à tona uma visão prática da arte do convívio. Meio desconfiada, fui checar com um especialista. Constatei que, silenciosamente, o sexo oposto tem passado por uma transformação social e também pessoal. E isso faz toda a diferença quando o assunto é namoro ou casamento. “O homem está buscando mais intimidade consigo mesmo.
Esse processo inclui intensificar o papel de pai e valorizar outras esferas da vida. O aspecto profissional não é mais o único foco importante”, esclarece o psicanalista Sócrates Nolasco, autor dos livros O Mito da Masculinidade e A Desconstrução do Masculino (ambos Editora Rocco). Esse contexto favorece um bom encontro com as mulheres. Mas, para viver um amor adulto, ambos enfrentam desafios. “O casamento convoca os casais a gerenciar as frustrações e expectativas – às vezes irreais – em relação à vida a dois. É um exercício para um vínculo maduro”, diz o psicanalista. Se os homens estão vibrando numa frequência nova, é hora de atualizar o arquivo feminino. Com vocês, os sete verbos para uma relação feliz na versão deles. E não é simplesmente teoria. Cada verbo foi definido com base nas experiências com a mulher amada.
1. Rir
Bom humor é o requisito básico no comportamento das parceiras. “Um olhar com mais leveza e graça no dia a dia muda tudo para melhor. Mesmo no meio da turbulência ou até de uma discussão, uma frase engraçada ou um comentário irônico do bem ajudam a baixar a pressão e a pensar: ‘Será que isso é tão sério assim? Não dá para seguir em fren te mesmo nessa situação?’ Minha mu lher é a minha companheira na vida – e todo mundo sabe que alguém mal-humorado estraga qualquer viagem. Esse é o ponto”
2. Respeitar
Sem esse item básico, nada funciona. Por isso, eles apontam dois aspectos nos quais costumam sentir-se desrespeitados: a dificuldade em ter um tempinho para programas masculinos e, quando conseguem, o controle das parceiras. As que mostram jogo de cintura ganham mil pontos. “Minha mulher é especial. Eu gosto de tomar uma cerveja, jogar bilhar, organizar um churrasco no fim de semana. E, quando eu volto, não tem cara feia. Nem sempre foi assim, isso foi conquistado. Várias vezes ela ia me encontrar, meio que de surpresa, onde eu estava com amigos. E via que não tinha nada de mais, era só conversa entre homens, para relaxar. Construímos essa confiança e eu a valorizo muito”, diz Carlos Rodrigues, 50 anos, contador, casado há 25 anos com Marlene. Ele é porta-voz da opinião generalizada de que o grude atrapalha. “Poder ficar sozinho – e permitir o mesmo a sua mulher – é uma forma de respeito”, acredita Ricardo Neto, 31 anos, administrador de empresas, casado há seis com Adriana. Ele é quem teve que segurar a onda quando ela resolveu fazer um curso no exterior por três meses. “Não foi nada fácil, mas era um projeto antigo da Dri que só poderia ser realizado naquele momento, em que ela estava desempregada e sem filhos. Agora, grávida de gêmeos, seria mais difícil”, pondera.
3. Desejar
Surpresinhas eróticas e shows sensuais em plena quarta-feira à noite? Não é nada disso que eles realmente valorizam. Reconhecem a importância do sexo nas relações duradouras, mas, em contraste com a ala feminina, têm uma visão menos fantasiosa e mais realista do assunto. “As pequenas coisas que ela faz é que podem me seduzir – o jeito como ela fala com o nosso filho, a maneira como conduz uma situação. Eu observo, gosto daquilo e passo a desejá-la”, diz Rodrigo Veloso, 33 anos, publicitário, casado com Mônica há sete. Fica o toque para nós: nem sempre é uma atitude explicitamente sensual que desperta a libido deles. “O desafio, hoje, não é desfrutar de liberdade sexual, e sim manter a intimidade e a cumplicidade no cotidiano para que, quando estiverem juntos, o sexo seja bom”, confirma Nolasco.
4. Dividir
Compartilhar tarefas e responsabilidades – financeiras, profissionais, com filhos, casa etc. – passou a ser “cláusula contratual”. No entanto, eles acham que isso deve ser feito sem rigidez nem papéis preestabelecidos. Por exemplo, na casa de Carlos, ele sempre ficou com as crianças nos fins de semana para que a esposa, pediatra, cumprisse o plantão. Rodrigo, muitas vezes, vai a um evento na escola do filho enquanto Mônica participa da reunião de condomínio. O cabeleireiro Ricardo Grando, 32 anos, casado com Andréa há oito, toca a rotina noturna com as crianças: dá jantar, banho e faz dormir. Assim, a mulher ganha um tempinho para ir à academia. Já na casa de Glauco Depieri, 36 anos, analista financeiro, casado há sete com Fabiana, cabe a ela cuidar dos assuntos burocráticos, e a ele pilotar a cozinha.
5. Superar
O casal consegue superar problemas quando um acolhe o outro em momentos de fragilidade, acreditam os homens. E aí a relação se fortifica. “Depois de três anos de namoro, passei por um baque profissional, meu rendimento despencou. Foi a Fabiana que me levantou moralmente, que me encorajou. Quando vi que ela estava disposta a passar por dificuldades comigo, tive certeza de que eu a queria para o resto da minha vida”, conta Glauco. Os homens esperam que as mulheres saibam lidar com as insatisfações com o parceiro ou o relacionamento – o que permite enfrentar decepções sem desmoronar. Quando se fala, porém, em “superar”, não se trata só das grandes crises. Entram aqui as pequenas manias, chatices e até a TPM, um teste de paciência para eles. A Cinthya me deixava maluco. Nessa fase, implicava demais comigo. Cheguei a ir ao ginecologista com ela para entender. Desisti. Agora, eu me armo com uma caixa de chocolates e uma bolsa de água quente para a cólica. E espero ansiosamente pela menopausa”, diz, rindo, Paulo Henrique Lopes, 43 anos, advogado, casado há dez anos. Ele garante que, com bom humor e docinhos, o saldo mensal de brigas despenca.
6. Mimar
Não somos só nós que gostamos de ser mimadas. Eles também. É verdade que muitos já consideraram supérfluos esses agradinhos, mas mudaram de ideia quando foram tocados pela varinha mágica da delicadeza. “Sempre achei uma besteira essa coisa de dar flores até o dia em que a Fabiana me enviou uma rosa importada. Aquilo mexeu comigo, me deixou feliz. Quebrou o feijão com arroz da relação, me senti homenageado”, confessa Glauco. Mimar é uma ação sutil. Gestos mínimos podem surtir efeito. “Muitas vezes a Andréa deixa o meu prato pronto no micro-ondas para que eu não tenha trabalho quando chego em casa faminto e estressado. Parece só um detalhe, mas eu recebo isso como um carinho e curto muito”, diz Ricardo Grando. Um mimo alegra quem recebe e também quem dá. Pelo menos é o que revela a atitude de Carlos: “Quando minha mulher chega do trabalho muito cansada, eu a coloco no sofá, tiros os sapatos dela, faço massagem e carinho. Não planejo ganhar nada em troca, apenas acho bom mostrar que posso cuidar dela”. Não é à toa que ele e Marlene estão juntos há 25 anos.
7. Admirar
Poder olhar para o outro e pensar: “Esse é o cara” ou “Essa é a mulher” dispara o termômetro da felicidade conjugal. E os homens garantem que não é só a aparência que conta. “Se ela cortou ou clareou o cabelo, nem percebo. Ou melhor, percebo, mas não ligo tanto para a embalagem. Gosto do conteúdo: o jeito articulado dela, a maneira como resolve as coisas e um mistério que, muitas vezes, ela deixa no ar – ele me instiga a conquistar um lado dela que ainda parece não dominado”, diz Daniel Rocha, engenheiro, 38 anos, casado há 12 com Vanessa. Rodrigo Veloso completa: “O admirar não é puramente contemplativo e estético. Eu quero ser reconhecido como o melhor educador do filho dela, o marido mais legal e um amante especial para ela”. No jogo da admiração, cada um entra em campo disposto a encantar seu par – e ambos vencem.